Técnica de memorização: como melhorar sua capacidade de memória?

13/06/2023 | Santander Universidades

Você sempre usa o GPS para se locomover? Você esqueceria algum aniversário se não fosse o aviso das redes sociais? Precisa pesquisar na Internet o nome daquele ator que você não lembra na hora de recomendar um filme para um amigo? É verdade que a tecnologia facilita a vida de várias maneiras, mas o uso constante das ferramentas digitais faz com que você deixe de aplicar uma tática que traz agilidade ao seu cérebro: a técnica de memorização.

É o que pesquisadores chamam de “efeito Google”: usamos tanto a Internet que, consequentemente, reduzimos nossa flexibilidade cognitiva — ou seja, a capacidade da memória de recuperar os dados acumulados. De acordo com pesquisas publicadas na revista World Psychiatry, as novas tecnologias estão afetando a capacidade de atenção, os processos de memória e a cognição social.

O problema com a ajuda imediata da Internet é que ela prejudica a capacidade de associar ideias, ter uma perspectiva global do mundo, tomar decisões corretas ou resolver problemas. Por isso, exercitar alguma técnica de memorização é essencial para manter a plasticidade cerebral. Quer conhecer alguns métodos? Então confira nossas dicas que vão te ajudar a reter melhor as informações.

Como o cérebro funciona na hora de memorizar? 

Antes de colocar em prática a técnica de memorização, você precisa saber que existem dois tipos de memória:

  • Memória de trabalho e operacional: é a memória de curto prazo. Funciona como a memória RAM de um computador, ou seja, aquela informação que fica armazenada temporariamente até que o aparelho seja desligado. Graças à memória de trabalho, você pode se lembrar do que seu interlocutor disse e conversar sobre o assunto;  anotar instruções após seu chefe falar sobre o próximo projeto; ou relacionar alguns conceitos com outros para facilitar a aprendizagem, o raciocínio, a compreensão e a resolução de problemas.
  • Memória de longo prazo: seguindo a analogia, seria o disco rígido do computador. É onde todos os dados vão depois de serem processados ​​pela memória de trabalho, sendo armazenados de forma atemporal.

No entanto, é importante observar que nem toda a informação que passa pela memória de trabalho permanece na memória de longo prazo, pois o cérebro tende a eliminar informações que não considera necessárias. Segundo o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, depois de uma hora, metade do que foi aprendido é esquecido; um dia depois, você se lembrará de apenas 30% das informações e, após um mês, os dados armazenados serão limitados a 10%. O nome dessa teoria é curva do esquecimento.

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Técnica de memorização: use os cinco sentidos ao seu favor

É mais fácil lembrar de um infográfico ou de um texto simples? A resposta varia de acordo com a pessoa, pois nem toda técnica de memorização tem o mesmo efeito na retenção. É o que Edgar Dale, um pedagogo norteamericano, chama de “cone of experience”, ou aprendizagem experiencial. Essa teoria é explicada em seu livro Audiovisual Methods in Teaching: as pessoas se lembram melhor do que vivenciam ou colocam em prática

Tal pensamento é reforçado por um estudo da Universidade Rockefeller. Segundo os pesquisadores, as pessoas lembram até 35% do que cheiram, 5% do que veem, 3% do que ouvem e 1% do que tocam. Assim, apesar de os sentidos serem uma ferramenta fundamental para motivar a memória e reter informações de forma mais eficaz, eles possuem diferentes “poderes” de evocar memórias.

Como os sentidos influenciam a técnica de memorização?

Confira abaixo como a técnica de memorização pode ser influenciada pelos cinco sentidos humanos:

  • Olfato: você sabia que é capaz de diferenciar até 10 mil aromas diferentes? O olfato está diretamente ligado ao cérebro reptiliano, uma parte primordial da mente responsável pelo instinto e sobrevivência. Como consequência, os odores dão origem a memórias de alto impacto e duradouras. Criar conexões entre o que se cheira e o que se estuda pode ser de grande ajuda para aumentar a memória.
  • Visão: em média, o olho humano é capaz de reter entre 7 e 12 estímulos durante 250 milisegundos. Depois, eles são filtrados e, na sua maioria, eliminados. Já a memória sensorial icônica tende a armazenar informações que possuem componentes emocionais ou que o cérebro considera úteis. Portanto, usar alguma técnica de memorização visual, como mapas mentais, diagramas ou linhas do tempo melhora a retenção de informações. Segundo o Dr. John Medina em seu livro Brain Rules, lembramos apenas de 10% de uma informação após três dias. Porém, ao adicionar uma imagem, esse número sobe para 65%.
  • Tato: a picada ao tocar um cacto, a sensação ao tocar a água ou o formigamento de um carinho compõem o que se chama de memória háptica. As mãos têm papel fundamental para aplicar essa técnica de memorização: tocar algo com os dedos gera uma sensação que dura oito segundos, mas a mesma percepção com outra parte do corpo a reduz a três segundos.
  • Audição: não é um dos sentidos mais desenvolvidos ao nível da memória, uma vez que está habituado a ser exposto a muitos estímulos todos os dias. De fato, a memória relacionada à audição, a memória ecóica, é muito mais curta que a háptica: ela retém os estímulos auditivos por pouco mais de 100 milissegundos.

    Porém, existe um subgrupo sonoro com poder de memória especial: as canções. Quando você ouve música, seu centro de prazer entra em ação liberando dopamina. Se o som transmite emoções ao associá-la a um momento específico da sua vida, a sua memória de longo prazo é ativada. É por isso que somos capazes de lembrar a letra completa de uma música ou porque pessoas com Alzheimer podem se lembrar de uma música de sua juventude. Como vários estudos apontam, ouvir músicas alegres permite que você trabalhe mais em menos tempo.
  • Paladar: quando você come, o cérebro ativa neurônios que respondem aos sabores dos alimentos e que, em muitos casos, podem retomar memórias profundas. Não à toa, o escritor francês Marcel Proust atribuiu ao bolinho Madeleine e uma xícara de chá o fato de ter recordado de um período esquecido de sua infância.

    Ter uma alimentação balanceada é fundamental para o bom desempenho nas horas de estudo, mas a hora do almoço também é uma boa oportunidade para aplicar a técnica de memorização e exercitar o cérebro. Por exemplo, tente identificar os ingredientes e associar o sabor a momentos do passado.
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Afinal, o cérebro é como um músculo: quanto mais você o treina, melhor ele funciona. Portanto, é fundamental trabalhar a plasticidade cerebral e a técnica de memorização para continuar aprendendo coisas novas. 

 

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