Já imaginou poder investir em uma fração de um imóvel de luxo ou em parte de uma obra de arte famosa? De acordo com o estudo Criptoeconomia no Brasil 2023, 27% das empresas já estão fazendo isso através da tokenização. Essa tendência só se acelera: a transformação digital de ativos deve atingir US$ 16 trilhões até 2030, o equivalente a cerca de 10% do PIB mundial.
Mas o que é tokenização? Como essa tecnologia funciona e como irá transformar o futuro dos investimentos? Confira todos os detalhes neste artigo e fique por dentro dessa tendência emergente.
A tokenização é o processo de transformar algo que tem valor no mundo real, como uma casa, uma obra de arte ou até mesmo um time de futebol, em um token digital que existe na internet. Esses tokens são como representações digitais desses ativos e podem ser comprados, vendidos ou trocados facilmente, graças a uma tecnologia chamada blockchain.
A tokenização é um conceito que ficou popular com o avanço das criptomoedas e da tecnologia blockchain. Mas como isso tudo começou?
A tokenização começou com a criação do Bitcoin por Satoshi Nakamoto — cuja verdadeira identidade permanece um mistério. O Bitcoin introduziu a tecnologia blockchain, que é como um grande livro de registros digital, público e seguro.
Em 2015, surgiu o Ethereum, criado por Vitalik Buterin e outros desenvolvedores. Diferente do Bitcoin, o Ethereum não era apenas uma moeda digital, mas uma plataforma que permitia criar contratos inteligentes (smart contracts). Esses contratos são softwares que executam acordos automaticamente quando certas condições são atendidas.
Com o Ethereum, ficou fácil criar novos tokens. Os tokens são como "moedas" que podem representar qualquer coisa: dinheiro, pontos em um jogo, ações de uma empresa, direitos sobre uma música... Isso abriu a porta para a ideia de tokenização.
A tokenização envolve várias etapas e tecnologias para garantir a segurança e transparência das transações. Vamos entender em detalhes como funciona esse processo:
A tokenização segue uma série de etapas bem definidas:
Primeiro, escolhe-se o ativo que será tokenizado. Pode ser um bem físico, como um imóvel, ou um ativo financeiro, como ações.
O ativo é avaliado para determinar seu valor total. Em seguida, é dividido em partes menores, representadas por tokens. Por exemplo, um imóvel avaliado em R$ 1 milhão pode ser dividido em 1.000 tokens de R$ 1.000 cada.
Os tokens são criados e registrados na blockchain, o que garante segurança e transparência. Cada token representa uma fração do ativo e pode conferir direitos específicos ao comprador, como participação nos lucros.
Os tokens podem ser vendidos ou transferidos para investidores, que agora possuem uma parte do ativo original.
Para garantir a segurança e eficiência do processo, a tokenização utiliza tecnologias avançadas:
Blockchain: funciona como um registro digital descentralizado que armazena todas as transações de forma segura e transparente.
Smart contracts: são softwares que executam automaticamente as condições estabelecidas entre as partes, garantindo que todas as regras sejam cumpridas sem necessidade de intermediários.
Sim, a tokenização é legal no Brasil, mas está sujeita a regulamentações específicas. A legislação brasileira está trabalhando para classificar corretamente esse ativo: não se sabe se será tratado como valor mobiliário, ativo virtual ou algo totalmente diferente. Mas sua legalização é um fato.
A seguir, exploramos alguns exemplos práticos dos ativos e serviços que podem se beneficiar da tokenização:
No mercado imobiliário, a tokenização permite que imóveis sejam divididos em frações digitais. Por exemplo, um prédio avaliado em R$ 10 milhões pode ser tokenizado em 1 milhão de tokens de R$ 10 cada. Assim, os investidores podem adquirir quantos tokens desejarem, participando dos lucros de aluguel e valorização do imóvel sem precisar comprar a propriedade inteira.
Os artistas estão usando a tokenização para vender obras de arte digitais como NFTs. Esses tokens representam itens únicos, comprovando a autenticidade e propriedade da obra. Algumas plataformas digitais, por exemplo, permitem que artistas comercializem suas criações diretamente com colecionadores do mundo todo.
As instituições financeiras estão tokenizando ativos como ações, títulos de dívida e participações em fundos. Isso facilita a negociação desses ativos, permitindo transações 24 horas por dia, reduzindo custos e eliminando intermediários.
Um exemplo inovador de tokenização é a tokenização de árvores e florestas. As empresas estão criando tokens que representam árvores individuais ou parcelas de floresta. Dessa forma, os investidores podem comprar esses tokens, financiando projetos de reflorestamento e conservação ambiental.
A tokenização está transformando o mercado de investimentos através de benefícios significativos que democratizam o acesso a diferentes classes de ativos. Vamos explorar as principais vantagens que essa tecnologia oferece para investidores e empresas.
Um dos principais benefícios da tokenização é a capacidade de dar liquidez a ativos tradicionalmente ilíquidos. Imagine que você queira investir em um imóvel caro, mas não tem dinheiro para comprar a propriedade inteira. Com a tokenização, esse imóvel pode ser dividido em várias partes menores, chamadas tokens. Isso permite que você compre apenas uma fração dele.
A tecnologia blockchain garante um nível sem precedentes de segurança e transparência. Todas as transações de tokens são registradas na blockchain, que é como um grande livro de registros digital, público e seguro. Isso significa que cada movimento é rastreável e não pode ser alterado ou fraudado.
A tokenização elimina barreiras geográficas tradicionais, permitindo que investidores acessem oportunidades em qualquer lugar do mundo. Por exemplo, um investidor brasileiro pode comprar tokens de um imóvel em Nova York ou participar de um fundo de arte tokenizado em Paris, tudo através de uma única plataforma digital. Segundo dados da Boston Consulting Group, esse mercado global de ativos tokenizados deve ultrapassar US$ 16 trilhões até 2030.
A automação proporcionada pelos smart contracts elimina diversos intermediários tradicionalmente necessários em transações financeiras, como bancos, corretoras e cartórios. Isso reduz significativamente os custos operacionais e as taxas associadas.
Com a tokenização, você pode investir pequenas quantias em diferentes tipos de ativos, espalhando seus investimentos. Por exemplo, com o mesmo valor que investiria em uma única ação, você pode comprar tokens de imóveis, obras de arte, commodities, entre outros.
A tokenização está apenas começando a revelar todo o seu potencial e promete revolucionar diversos setores nos próximos anos. De acordo com os insights apresentados pela PwC, uma das principais tendências é a crescente integração entre sistemas financeiros tradicionais e tecnologias de blockchain. Além disso, a combinação com outras tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA), pode ampliar ainda mais as possibilidades dos tokens.
Se falarmos no mundo do trabalho, a tokenização está emergindo como uma verdadeira hard skill, assim como o conhecimento em Python e criptomoedas, por exemplo. Com a adoção dessas tecnologias, novas profissões estão surgindo, como, por exemplo, consultores em tokenização de ativos e especialistas em segurança blockchain. Ou seja, uma habilidade que está intimamente ligada às profissões do futuro.
A tokenização está mudando a maneira como lidamos com ativos e investimentos. Em vez de processos complicados e exclusivos, ela permite que bens reais e digitais sejam transformados em tokens que podem ser facilmente negociados na blockchain. Isso torna o acesso a diferentes oportunidades mais inclusivo, permitindo que mais pessoas participem de mercados que antes eram restritos.
Essa tendência deve crescer nos próximos anos, impulsionada pelo avanço tecnológico e pela crescente adoção da blockchain. À medida que mais pessoas e empresas descobrem os benefícios da tokenização, é provável que vejamos uma expansão da sua aplicação, assim como novas profissões para atender essa alta demanda.
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