O mercado de trabalho passou por uma transformação radical nos últimos anos. As crescentes exigências de flexibilidade e conciliação, especialmente em função da pandemia do Covid-19, levaram ao surgimento de novos modelos de trabalho. Um dos mais notáveis é o movimento New Work, que aposta em um enfoque smart working, ou seja, adaptado às preferências de cada trabalhador.
Isto porque a tradicional jornada de trabalho de oito horas, de segunda a sexta-feira, já não convence o capital humano, nem mesmo os funcionários da linha de frente. Os profissionais consideram que a flexibilidade é um dos principais fatores na hora de escolher uma empresa para trabalhar, atrás apenas do salário, de acordo com o relatório Talent Trends 2023 Report ‘The Invisible Revolution’, de Michael Page. Na verdade, 42% dos candidatos admitem que não se candidatariam a uma vaga se esta não oferecesse um modelo de trabalho alinhado aos seus interesses, conforme o estudo 2023 Greenhouse Candidate Experience Report.
Consequentemente, tanto as empresas como os profissionais devem estar preparados para esta nova revolução. As empresas, porque se não se abrirem à filosofia do New Work, perderão grande parte do seu talento, o que afetará a sua competitividade. Os profissionais, porque a jornada flexível já é uma realidade.
Para conhecermos melhor esta realidade e evitarmos futuros problemas no ambiente profissional, é preciso entender o que é o New Work. Trata-se de uma abordagem, criada em 1970 pelo filósofo e antropólogo austro-americano Frithjof Bergmann, que visa a personalização no local de trabalho. Para isso, este modelo adapta-se às preferências individuais de cada trabalhador, permitindo controlar o seu tempo e o seu espaço de trabalho.
Desse modo, ao invés de aderir ao tradicional horário 8/5, o New Work promove uma jornada de trabalho individualizada. Isto significa que cada um tem a capacidade de estabelecer os seus próprios horários e locais de trabalho, o que significa maior flexibilidade e uma melhor conciliação entre o trabalho e a vida pessoal.
É certo que o New Work não é simplesmente sinônimo de teletrabalho ou de horários de entrada e saída mais flexíveis. Trata-se de oferecer aos funcionários a liberdade de decidir quando trabalhar de acordo com sua rotina. Da mesma forma, significa liberdade para escolher onde trabalhar, eliminando a obrigação de um local físico fixo ou pré-determinado.
Portanto, a base desta filosofia de trabalho está fundamentada em um estilo de gestão por objetivos. Por um lado, cada trabalhador deve ser responsável pela execução eficiente das suas tarefas. Por outro lado, a empresa deve desenvolver uma cultura de confiança nas equipes, dando autonomia sem necessidade de supervisão constante. Como consequência, os estilos de liderança no New Work devem ser menos autoritários.
Outro pilar do New Work é a priorização da vocação. Ou seja, os colaboradores podem escolher seus cargos ou áreas de trabalho com base em seus interesses e aptidões. De fato, este modelo considera que se você for apaixonado por um tema, terá um desempenho melhor naquela área do que em outra função para a qual possa estar mais qualificado, mas não esteja motivado. “Decida o que você quer fazer porque você acredita nisso”, disse Bergmann, o fundador do New Work em seu livro New Work New Culture.
Definitivamente, este movimento busca fazer com que o trabalho seja algo significativo. Ou seja, aposta na ideia de “trabalhar para viver”, em vez de “viver para trabalhar”. Uma mentalidade que, nos anos 70, quando surgiu o modelo, soava como uma utopia. Porém, hoje ganha força pela convergência de diversos fatores.
Neste sentido, o próprio capital humano mudou as suas preferências. No século 20, os baby boomers davam importância à estabilidade no emprego e à jornada fixa das 8h às 18h. No século XXI, os millennials e a geração Z valorizavam mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e que seus empregos tivessem um propósito positivo para a sociedade.
Junto a isto, a mentalidade empresarial também mudou para uma abordagem employee centric. O trabalhador é o eixo da estratégia organizacional, já que um grupo satisfeito estará mais comprometido e alcançará melhores resultados. Além disso, em um mercado com escassez de talentos, as empresas devem cuidar dos seus colaboradores e abrir caminhos para integrar candidatos de todas as partes do mundo se quiserem ter os melhores perfis.
Também não podemos ignorar o papel da digitalização no atual auge do New Work. As novas tecnologias são o veículo que possibilita esta flexibilidade laboral. Ou seja, não apenas queremos desfrutar de uma nova forma de trabalhar: isso já é possível graças às ferramentas digitais.
Para se adaptar a estas novas exigências de trabalho, o que as organizações podem fazer? O New Work representa uma mudança na forma de fazer as coisas. Não basta facilitar o home office ou ter uma sala comum com pebolim; as políticas de flexibilidade no trabalho e os novos conceitos de escritório são um efeito desta filosofia, mas as implicações são mais profundas.
Ou seja, a chave para que esta filosofia de trabalho seja efetiva passa pela criação de uma estrutura e cultura organizacional apropriadas. O New Work significa dizer adeus às hierarquias empresariais calcificadas e olá aos novos modelos de management planos, como a holocracia e a liderança democrática. Da mesma forma, em termos de desempenho, o modelo deve ser acompanhado de metodologias ágeis que permitam respostas rápidas em ambientes complexos.
Assim, a comunicação e a digitalização também são eixos fundamentais do New Work. Com o capital humano disperso em termos de localização e tempo, deve-se promover uma retroalimentação vertical e horizontal constante e direta para que as diretrizes, as conclusões e as advertências tenham fluidez. Por outro lado, as empresas devem contar com recursos para que esta dispersão não represente um obstáculo ao desempenho. Isto significa fornecer as ferramentas tecnológicas precisas e garantir o acesso à capacitação dos colaboradores no uso das novas tecnologias.
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