Metodologias de ensino inovadoras para transformar o ensino superior

21/07/2023 | Santander Universidades

Diversos motivos fizeram com que a inovação e implementação de novas metodologias de ensino acelerassem nos últimos anos. Entre eles, a formação à distância durante a pandemia de COVID-19, a desmotivação dos alunos, o combate à desigualdade, a introdução de novas tecnologias na sala de aula e a procura de novas competências no mercado profissional. 

Estima-se que, nos próximos 10 anos, a profissão de docente cresça entre 3 e 9% e evolua para um modelo mais lúdico, como sugere o estudo Innovation Trends in Education, do ESIC Business School Institute of Innovation (ICEMD). O mesmo levantamento mostra que a implementação de diversos tipos de metodologias de ensino melhora a participação, a atenção e a retenção do conhecimento, bem como a assiduidade e a qualidade dos conteúdos aprendidos.

Novas metodologias de ensino na universidade

Usar diferentes tipos de metodologias de ensino tornou-se um desafio para os professores. Nas últimas décadas, surgiram vários modelos com foco no aluno, como aprendizagem baseada em projetos, a educação emocional ou a gamificação – ou seja, atividades lúdicas e recreativas para motivar os estudantes, tal como um jogo. 

Porém, há três novas metodologias de ensino que têm se destacado: a sala de aula invertida, o design thinking e a aprendizagem cooperativa. Elas ganharam espaço dentro das escolas e universidades devido ao seu sucesso e aos resultados positivos.

Sala de aula invertida

A sala de aula invertida, também conhecida como flipped classroom, é um modelo pedagógico em que os elementos tradicionais são invertidos: os alunos estudam as matérias em casa e as trabalham em sala de aula. 

Um estudo recente  do International Journal of Developmental and Educational Psychology indica que 68,8% dos alunos preferem aulas invertidas em vez das tradicionais. Outros 77,7% afirmam que assimilam melhor os conteúdos com esse modelo de aprendizagem. 

Em algumas universidades, as palestras são gravadas em vídeo e compartilhadas com os alunos para visualização em casa. Depois, esses conceitos são reforçados em salas de aula, atendendo às necessidades de cada estudante com trabalhos, projetos ou busca por soluções para problemas reais com base no trabalho colaborativo.

Metodologias de ensino

Design Thinking

A metodologia de ensino conhecida como design thinking é baseada em um método utilizado por profissionais de design. O objetivo é fazer com que alunos identifiquem problemas reais e criem soluções para atender a essas necessidades. Assim, gera-se uma experiência educacional, baseada na criação e inovação.

O primeiro passo é compartilhar um desafio na sala de aula para que os grupos busquem a solução mais eficaz. Isso deve ser feito a partir do trabalho em equipe, mediante as etapas de descoberta, interpretação, concepção, experimentação e evolução.

Dentre as metodologias de ensino, essa é muito mais assimilada à vida real e à forma como as pessoas agem no mercado de trabalho. Por esse motivo, o design thinking permite que os alunos adquiram habilidades como criatividade ou trabalho em equipe, o que vai ajudá-los na hora de buscar um emprego.

Aprendizagem cooperativa

Como o próprio nome indica, a aprendizagem cooperativa é baseada no trabalho em equipe e na conquista de objetivos comuns, que só podem ser alcançados se cada membro cumprir sua tarefa. 

Dentre os tipos de metodologia de ensino, esse é o mais focado na colaboração. Formam-se grupos de três a seis membros, nos quais cada pessoa tem um determinado papel. Para atingir o objetivo definido, todos devem trabalhar de forma coordenada e resolver possíveis conflitos, deixando de lado a competitividade e priorizando o bem comum.

Esta metodologia de ensino oferece a oportunidade de melhorar a interação social, o trabalho em equipe, o envolvimento na tarefa e a atenção. De acordo com o artigo Experiências de trabalho cooperativo no ensino superior: Percepções sobre sua contribuição para o desenvolvimento da competência social, desenvolvido pela Universidad Católica San Antonio de Murcia, os estudantes universitários que utilizam essa metodologia de ensino percebem melhora nas suas competências sociais como empatia, consenso ou assertividade.

Metodologias de ensino

Como escolher entre os tipos de metodologias de ensino?

Metodologias de ensino estão  se tornando cada vez mais populares nas salas de aula, sejam elas dentro de universidade ou escolas. Por esse motivo, é fundamental escolher qual é a técnica mais adequada de acordo com as características dos alunos. Lembre-se que não existe uma única forma de ensinar, apenas diferentes métodos que devem se adaptar ao ambiente e às necessidades dos estudantes. 

A Universidade de Sevilha realizou um estudo sobre a metodologia de ensino da Aprendizagem Baseada no Desenvolvimento de Projetos (ABdP). É um modelo focado no aluno, sendo que o papel do professor é o de facilitador, guia e tutor. O estudo mostrou a eficácia da aprendizagem ativa, pois os estudantes obtiveram melhores notas, reprovaram menos e conseguiram assimilar melhor tanto as competências específicas da disciplina quanto as de natureza pessoal, sistêmica e instrumental.

Assim, para escolher entre as metodologias de ensino, é fundamental que os professores saibam responder a questões como: 

  • Quais objetivos quero atingir? 
  • Como estão meus alunos e o que eles precisam? 
  • Quais tecnologias são mais adequadas para minha sala de aula? 
  • Como será avaliado o processo de aprendizagem?

Para isso, é fundamental que os profissionais da educação estejam em constante aprendizado para continuar inovando e adaptando as diferentes metodologias de ensino disponíveis. Só assim eles podem atingir seus objetivos e ajudar seus alunos no que eles precisam.

Novos desafios nas metodologias de ensino

Para alcançar uma transformação no ensino superior, os professores devem enfrentar desafios neste momento de transformação tecnológica e cultural. De modo geral, os últimos 50 anos foram marcados por mudanças significativas fora das salas de aula que impactaram o ensino.

O maior exemplo foi a pandemia de COVID-19, que nos mostrou que é possível aplicar metodologias de ensino atualizadas e adaptadas ao momento em que vivemos. Angel Fidalgo, professor da Universidade Politécnica de Madri e pesquisador de inovação educacional, destaca que “agora que sabemos que o setor educacional pode mudar, vamos começar a revolução em nossas salas de aula”.

Novas competências digitais

O Brasil tem a quarta maior população online do mundo, com sete entre dez brasileiros conectados e que passam, em média, nove horas por dia online. Porém, o Índice de Maturidade Digital, elaborado pelo Google e pela consultoria McKinsey, mostra que a população ainda é “digitalmente imatura” – ainda que o brasileiro acesse ferramentas digitais, “praticamente não as utiliza para criar porque não tem as competências necessárias”. 

Quando o foco vai para os professores, a situação é mais favorável. A MetaRed realizou a 1ª Pesquisa de Avaliação de Competências Digitais dos Docentes no Ensino Superior Brasileiro, em parceria com o Semesp e a Universia e com apoio do Consórcio Sthem, e os dados refletem um cenário positivo. Cerca de 90% dos participantes acreditam serem bons usuários da Internet, além de terem facilidade no uso de dispositivos eletrônicos. Além disso, 77% dos participantes encontram-se em um nível intermediário de competência digital. Apenas 8,5% dos docentes têm baixa competência digital, ou seja, são “recém-chegados”.

A introdução constante de novas tecnologias na sala de aula e o desenvolvimento das novas competências digitais que se impõem é, sem dúvida, um dos maiores desafios que os professores devem enfrentar. Logo, é fundamental manter-se informado e capacitado continuamente, usando os diferentes tipos de metodologias de ensino nas salas de aula. 

Materiais mais impactantes

Criar materiais mais impactantes e personalizados é outro desafio que deve vir com as novas metodologias de ensino. Apoiar-se em novos formatos digitais ou recorrer à gamificação permite potenciar e motivar a aprendizagem através de uma experiência mais lúdica e divertida. O levantamento da MetaRed mostrou que esse ainda é um longo caminho no cenário brasileiro: ainda que mais de 60% dos respondentes tenham entre 1 e 9 anos de uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) em suas atividades de ensino, as tecnologias mais citadas ainda são apresentações em Powerpoint e o uso de recursos de áudio e vídeo.

Algumas escolas brasileiras já estão focando nessas novas experiências levando o conceito de sala de fuga (ou escape room) para as salas de aula. Juntos, os estudantes precisam resolver uma série de enigmas, que passam por Geografia, Biologia e Matemática, mas que exigem trabalho em equipe. O feedback é positivo e vai além do reforço dos conteúdos: “A ideia foi unir características de cada aluno, como liderança, capacidade de resolver problemas”, explica o professor Renato Aruta em uma entrevista para o Estado de Minas.

Metodologias de ensino centradas no aluno 

Os alunos são os verdadeiros protagonistas da sala de aula, e não as notas. Eles devem deixar de serem “sujeitos passivos” e colocar em prática métodos de ensino ativos que desenvolvam o pensamento e o raciocínio crítico. Cabe aos docentes criarem estratégias adaptadas às características de cada estudante para potenciar suas capacidades de inovar, dinamizar e estimular a criatividade.

Não existe uma técnica de estudo universal que funcione sempre. Apesar de tudo, os alunos devem contar com o apoio de seus professores para encontrar as metodologias de ensino que sejam mais eficazes. Por sua vez, os professores devem ser capazes de orientar os alunos nesse processo de identificação e formação profissional.

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