Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 11,2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos são coletadas por ano no mundo todo. No entanto, muitos desses resíduos levam centenas ou milhares de anos para se degradar, gerando enorme impacto a nível ambiental, cujas consequências podem se tornar irreversíveis.
Apesar disso, de acordo com Adriana Zacarias, coordenadora regional de Eficiência de Recursos para a América Latina e o Caribe da ONU Meio Ambiente, 99% dos resíduos e emissões industriais poderiam ser evitados graças à economia circular, que ajuda a combater as mudanças climáticas.
Você quer descobrir o que é este modelo de redução de resíduos e como empresas e organizações podem implementá-lo? Nós te contamos neste artigo.
Tendo em conta que tudo o que a natureza gera é um recurso ou alimento para outro ser vivo, a economia circular visa imitar este fluxo fechado, onde não existe desperdício. Como afirma o Parlamento Europeu, o modelo se opõe ao processo tradicional, baseado em padrões de coleta, produção, consumo e descarte – um ciclo aberto que gera grandes quantidades de resíduos e poluição.
Assim, a economia circular consiste em minimizar ao máximo a produção de resíduos, preservando a utilidade dos materiais, mesmo quando um produto chega ao fim de sua vida útil. Ela se baseia, principalmente, no conceito dos três Rs - reduzir, reutilizar, reciclar, mas vai além disso.
Esta ideia contempla não só a diminuição de resíduos, mas também a redução da extração e do uso dos recursos naturais. Além disso, a economia circular envolve reparar e refabricar, de modo que o ciclo vá se fechando até que os recursos sejam utilizados outra vez, produzindo o mínimo possível de resíduos.
Trata-se de um modelo de crescimento que enfatiza a geração de benefícios para a sociedade como um todo e, como afirma a Ellen MacArthur Foundation, "busca reconstruir o capital financeiro, de manufatura, humano, social ou natural".
Existe no mundo um aumento sustentado na demanda por matérias-primas, o que faz com que sejam consumidos muito mais recursos do que a Terra é capaz de regenerar em um ano. Estes padrões de produção atuais levam ao esgotamento do meio ambiente e à aceleração das mudanças climáticas. Na verdade, segundo a WWF, vivemos como se tivéssemos 1,75 planeta e, a este ritmo, em 2050 precisaremos de três Terras para sobreviver.
Do mesmo modo, no dia 29 de julho do ano passado, chegamos ao Dia de Sobrecarga da Terra, o que significa que, em 210 dias, exaurimos os recursos naturais para 365 dias, excedendo em 74% a capacidade dos ecossistemas de se regenerar.
Para tudo isto, avançar na implementação de um modelo de economia circular ajudaria a reduzir a pegada ambiental que produzimos. Ao mesmo tempo, significaria também um avanço no sentido de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aprovados pela ONU em setembro de 2015, atualizados ao final de 2021 na Cúpula do Clima de Glasgow, diante da alarmante situação climática. Na mesma reunião, foi pedido a todos os países signatários do Acordo de Paris que apresentassem "programas de redução de suas emissões para esta década, a fim de atingir a meta de que o aumento de temperatura permaneça entre 1,5 e 2 graus em relação aos níveis pré-industriais".
Em geral, a adoção de um sistema de economia circular permitiria reduzir as emissões de gases de efeito de estufa. De acordo com a KPMG, haveria 450 milhões de toneladas de emissões de CO2 a menos até 2030, com os consequentes benefícios para a desaceleração do aquecimento global.
Por outro lado, este modelo de produção em ciclo fechado permitiria melhorar o fornecimento de matérias-primas, além de proporcionar produtos mais duradouros e de maior vida útil aos consumidores, o que geraria um impacto positivo no enfrentamento das pressões sobre o meio ambiente.
Se mantivermos o modelo de produção linear atual, as empresas enfrentarão um risco elevado de falta de fornecimento de matérias-primas. Contudo, a economia circular permite economias, não só através da reutilização destes recursos, mas também por meio da redução dos custos de sua extração e transporte.
O modelo representa ainda um grande benefício em termos de inovação, quer seja pensando sobre novas formas de produzir os mesmos objetos e serviços, quer por meio do caminho que abre para novas oportunidades de negócio em termos de tratamento e reutilização de resíduos.
Segundo Luis Lehmann, autor do livro "Economia Circular, a mudança de cultura”, esta nova forma de produção "também cria oportunidades de emprego nas pequenas e médias empresas, em áreas como produção de energia a partir de fontes renováveis, desenvolvimento de infraestruturas verdes e construção sustentável".
Hoje, apenas 9,1% da economia mundial é circular, de acordo com a leitura do Think Tank Circle Economy coletada em seu 2019 Circularity Gap Report. É, sem dúvida, uma cifra pequena demais, dada a necessidade urgente de se gerar uma verdadeira transformação para uma economia verde.
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