O crescente ensino à distância, a desmotivação dos alunos, o combate às desigualdades, a introdução de novas tecnologias nas salas de aula e a procura por novas competências no mercado profissional são apenas alguns dos motivos que justificam a necessidade de apostar em inovação e em novas metodologias de ensino. Muitos alunos cresceram em um contexto de ensino totalmente hierárquico, no qual os professores eram os únicos “detentores do saber”. Hoje, porém, com a digitalização e a tecnologia, outras formas de ensinar e aprender entram em jogo. A metodologia ativa de aprendizagem é uma delas.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE, cerca de 30% dos jovens entre 18 e 24 anos estão desocupados profissionalmente. Entre as principais razões, estão a inexperiência e a baixa maturidade profissional. Esse dado evidencia a necessidade de buscar mais conhecimentos e treinamentos que vão além do conteúdo técnico dos cursos. Nesse sentido, diversos estudos mostram que métodos de aprendizagem ativa são muito mais eficazes e aumentam o engajamento e o desempenho dos estudantes, além de gerar maior capacitação profissional.
Algumas das principais tendências educacionais que impactarão - e já estão impactando - a forma de ensinar e aprender envolvem metodologias ativas de aprendizagem como o uso da tecnologia na gamificação, realidade virtual e inteligência artificial, a personalização do ensino e a educação socioemocional. De fato, segundo um estudo da Spinify, as pessoas são 27% mais produtivas quando realizam atividades divertidas.
Mas no que consiste essa metodologia e por que ela é tão bem vista? Descubra neste artigo!
A metodologia ativa de aprendizagem surgiu como uma alternativa ao ensino tradicional no início do século XX, influenciada por educadores como John Dewey, que acreditavam que os estudantes deveriam ser protagonistas do seu próprio aprendizado. Diferente do método tradicional, no qual o professor é o centro das atenções e o principal transmissor de conhecimento, a aprendizagem ativa envolve o aluno de forma direta.
Aqui, o estudante não fica apenas ouvindo passivamente: ele é incentivado a participar, questionar, explorar e colaborar com os colegas para construir conhecimento de forma coletiva. Este método não retira a autoridade do professor, mas sim abre espaço para que os alunos aprendam de forma mais dinâmica, como agentes do seu próprio aprendizado.
A principal diferença entre o ensino tradicional e a metodologia ativa de aprendizagem está no papel que o aluno e o professor desempenham no processo de aprendizagem. No ensino tradicional, o professor é o centro do conhecimento, transmitindo informações enquanto os alunos escutam de maneira passiva, tomam notas e absorvem o conteúdo. A avaliação geralmente se baseia na memorização e na repetição dos conceitos aprendidos.
Já no ensino ativo, essa lógica se inverte: o protagonismo é dado aos alunos. Aqui, eles são envolvidos de forma prática e participativa no processo de aprendizagem. O professor atua mais como um facilitador, orientando e criando situações que proporcionem o envolvimento dos alunos.
A seguir, apresentamos sete metodologias que têm transformado a forma como aprendemos. Cada uma delas possui abordagens únicas para incentivar a participação ativa dos alunos, desde a resolução de problemas até a utilização de tecnologias:
Uma das práticas mais conhecidas na metodologia ativa é a aprendizagem baseada em projetos (ou ABP). Nesse modelo, os alunos aprendem enquanto trabalham em projetos concretos, que geralmente envolvem resolver um problema real ou criar algo novo.
Por exemplo, ao invés de apenas estudar sobre energias renováveis nos livros, os estudantes poderiam trabalhar em um projeto para criar um protótipo de uma mini-usina solar ou pensar em soluções para economizar energia na escola. Lembra-se das feiras de ciências na escola? Elas também são um exemplo de metodologia ativa de aprendizagem, pois levam os alunos a desenvolverem projetos, criarem apresentações e compartilharem o que aprenderam com suas próprias palavras.
Nessa abordagem, os alunos trabalham para resolver problemas complexos e reais, sendo incentivados a pesquisar, discutir e aplicar conceitos. O objetivo é desenvolver habilidades de pensamento crítico e solução de problemas de forma colaborativa. O papel do professor muda de transmissor de conteúdo para facilitador, orientando os alunos no desenvolvimento de habilidades cognitivas e práticas.
Um exemplo está nas escolas de medicina, onde os alunos são apresentados a casos clínicos reais e devem diagnosticar e propor tratamentos, utilizando o conhecimento adquirido ao longo dos estudos. Já no ensino de engenharia, por exemplo, os estudantes devem desenvolver soluções para problemas ambientais, como criar tecnologias para tratar água em comunidades com recursos limitados.
Na sala de aula invertida, o processo tradicional é "virado de cabeça para baixo": os estudantes aprendem a teoria em casa (por meio de vídeos, leituras, etc.) e, durante a aula, participam de atividades práticas e interativas para aplicar o que aprenderam. Como exemplo, podemos apontar o ensino de línguas, em que os estudantes aprendem gramática e vocabulário por meio de atividades online antes da aula e, durante o tempo em sala, praticam conversação e exercícios de escrita, otimizando o tempo para focar em aspectos mais interativos do aprendizado.
A gamificação utiliza elementos de jogos, como pontuação, desafios e recompensas, para motivar os alunos no processo de aprendizado, tornando a experiência mais lúdica e estimulante. O Duolingo, por exemplo, transforma o aprendizado de línguas em um jogo, onde os usuários acumulam pontos, desbloqueiam níveis e recebem recompensas virtuais por seu progresso. No ambiente corporativo, muitas empresas implementam programas de gamificação para treinar seus funcionários, como sistemas de aprendizado com níveis de certificação ou recompensas baseadas no desempenho.
Combina o ensino presencial com o online, permitindo que os alunos tenham experiências de aprendizagem flexíveis e personalizadas. Assim, eles desenvolvem autonomia e habilidades digitais. Essa metodologia também é chamada de b-learning (blended learning). Um exemplo de ensino híbrido pode ser visto em universidades, onde os estudantes assistem a aulas expositivas presencialmente, mas têm acesso a fóruns online, vídeos, quizzes e atividades de reforço em plataformas digitais.
Integra ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática para criar experiências de aprendizagem interdisciplinares, incentivando a resolução criativa de problemas. Essa metodologia envolve aprender fazendo, trazendo um olhar bastante experimental. Quando estudantes trabalham em um projeto para criar um robô, por exemplo, eles aprendem princípios de matemática e física na construção, utilizam tecnologia para programá-lo, aplicam engenharia para solucionar problemas estruturais e estéticos e exploram a arte para desenvolver um design visualmente atraente.
A aula é dividida em estações com diferentes atividades ou temas, e os alunos passam por todas elas em pequenos grupos. No ensino de línguas, uma estação pode focar em exercícios de gramática, outra em conversação e uma estação online para praticar escuta e compreensão auditiva com ferramentas digitais. Isso promove a variedade de experiências e favorece diferentes estilos de aprendizagem.
Uma pesquisa da Universidade de Harvard revelou que muitos estudantes preferem métodos tradicionais de ensino que demandam menos esforço, como a aula expositiva. Afinal, é muito mais cômodo ouvir explicações e não se envolver no processo de aprendizagem. Porém, os cientistas discordam e apontam que a metodologia ativa de aprendizagem traz uma série de benefícios:
Maior engajamento e participação: em metodologias ativas, os alunos não são apenas ouvintes passivos: eles participam, questionam e colaboram. Resultado? A transmissão do conhecimento se torna mais dinâmica.
Melhor retenção e compreensão dos conceitos: quando os alunos aplicam o conhecimento na prática, seja por meio de projetos, debates ou resolução de problemas, a retenção dos conceitos é maior. Isso é especialmente importante em áreas de maior complexidade, como a medicina, onde a aprendizagem ativa tem mostrado excelentes resultados.
Ajuda a desenvolver habilidades: ao incluir os alunos, essa abordagem ajuda a desenvolver habilidades como pensamento crítico, autonomia, resolução de problemas, criatividade e capacidade de trabalhar em equipe.
Prepara para situações reais: a metodologia ativa de aprendizagem coloca os estudantes em contato com situações práticas e reais, simulando desafios. Por exemplo, na área da saúde, onde a prática e a experiência são fundamentais, o aprendizado ativo ajuda os alunos a se prepararem para situações complexas do cotidiano.
Por fim, essa abordagem ativa não só ajuda a entender melhor os conteúdos, mas também prepara os alunos para os desafios contemporâneos, já que vivemos em um contexto no qual habilidades como autonomia, criatividade e capacidade de se adaptar são cada vez mais valorizadas.
As metodologias ativas de aprendizagem conseguem tornar o ensino mais participativo e preparar os estudantes para os desafios do mundo atual. Para aplicar este método, é importante começar aos poucos, experimentando uma ou duas atividades em sala de aula para observar como os alunos reagem. Aqui vão algumas dicas:
Crie atividades práticas e conectadas à realidade: desenvolva projetos ou elabore problemas reais que façam sentido para os alunos e permitam aplicar o que foi aprendido.
Use a tecnologia: plataformas online, aplicativos educativos e ferramentas de colaboração podem ajudar a tornar o aprendizado mais dinâmico e acessível.
Incentive a colaboração: promova debates, trabalhos em grupo e momentos para que os alunos troquem experiências e aprendam uns com os outros.
Invista continuamente em capacitação: busque sempre aprimorar suas práticas. O objetivo central é inspirar os alunos e fazer com que eles guardem preciosamente esse conhecimento.
Uma metodologia ativa de aprendizagem não é uma moda passageira. Isso porque o perfil dos alunos evoluiu e, com ele, a busca por sistemas de aprendizagem mais participativos e dinâmicos. Para alcançar uma transformação na educação adaptada a este novo cenário, os educadores precisam enfrentar novos desafios tecnológicos e culturais.
Segundo a Anatel, a evolução das habilidades básicas digitais da população brasileira está bem abaixo do ideal: apenas 22% das pessoas ultrapassam as competências básicas. Contudo, segundo o relatório Future of Jobs Report, do Fórum Econômico Mundial, até 2027, os empregos que mais irão apresentar crescimento serão os relacionados à tecnologia e inteligência artificial. É por esta razão que, cada vez mais, professores e alunos precisam introduzir novas tecnologias em seu cotidiano, como as metodologias ativas de aprendizagem.
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Dynamic Gamification Strategies for a Stellar. (2024). Spinify. https://spinify.com/blog/dynamic-gamification-strategies-for-a-stellar-2024/
O que é a Aprendizagem Baseada em Projetos e como ela pode ser usada na recomposição de aprendizagens. (n.d.). Novaescola.org.br. https://novaescola.org.br/conteudo/21206/o-que-e-a-aprendizagem-baseada-em-projetos-e-como-ela-pode-ser-usada-na-recomposicao-de-aprendizagens
Primeiro emprego: 30% dos jovens entre 18 e 24 anos não trabalham, aponta IBGE. (2023). Brasil 61. https://brasil61.com/n/primeiro-emprego-30-dos-jovens-entre-18-e-24-anos-nao-trabalham-aponta-ibge-pind233932
Quase metade dos brasileiros não tem habilidades digitais básicas. (2024). Olha Digital. https://olhardigital.com.br/2024/06/19/internet-e-redes-sociais/quase-metade-dos-brasileiros-nao-tem-habilidades-digitais-basicas/#:~:text=Segundo%20o%20levantamento%2C%20apenas%2029,n%C3%A3o%20t%C3%AAm%20habilidades%20digitais%20b%C3%A1sicas.
Terada, Y. (2019, Outubro 28). Estudo em Harvard questiona aula expositiva e defende esforço pela aprendizagem ativa. PORVIR. https://porvir.org/estudantes-pensam-que-aula-expositiva-e-a-melhor-metodologia-mas-cientistas-discordam/
Using active learning to increase student engagement and employability - Queen Mary Academy. (n.d.). www.qmul.ac.uk. https://www.qmul.ac.uk/queenmaryacademy/educators/taught-programmes/learning-community/pgcap-case-studies-/case-studies/using-active-learning-to-increase-student-engagement-and-employability-/
Victória, M. (2021, Novembro 19). Como a aprendizagem ativa prepara os estudantes para os desafios do mundo moderno. PORVIR. https://porvir.org/como-a-aprendizagem-ativa-prepara-os-estudantes-para-os-desafios-do-mundo-moderno/
World Economic Forum (Mayo de 2023). Future of Jobs Report 2023. https://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2023.pdf
5 motivos para a metodologia ativa no ensino em medicina. (2019, Julho 11). Medicina S/A. https://medicinasa.com.br/caroline-rothmuller/
6 tendências para a educação em 2024. (2023). Revista Educação. https://revistaeducacao.com.br/2023/12/18/tendencias-para-a-educacao-em-2024/#:~:text=Uma%20das%20principais%20tend%C3%AAncias%20%C3%A9,a%20informa%C3%A7%C3%B5es%20e%20recursos%20educacionais.
10 planos de aula que utilizam metodologias ativas | Nova Escola. (2024). Nova Escola. https://novaescola.org.br/conteudo/19773/10-planos-de-aula-que-utilizam-metodologias-ativas